Se faz a ilusão de que qualquer outra distração já o bastante para passar o dia. Assim é a nossa saudade: Xícaras e livros espalhados pelo chão ao som de um vinil com a cortina fechada deixando entrar a luz da rosa de guardanapo dentro da caixa empoeirada em cima do guarda-roupa, como um esconderijo. Com vultos entrando e saindo pela porta, como minha alma rodeando a sua.
É verdade que o amor pode ficar tedioso? É verdade que ele pode ser medido e limitado petrificando o coração que nos joga de um lado ao outro e nunca na direção certa? Eu sei que voce não canta mais como antes, me disseram que parou de fazer música. Essa é a última saudade que eu tenho: Voce cantando. Porque em cada verso eu via voce morrer e se sufocar em cada nota me dizendo seus turbilhões de mistérios. Era bonito. Quando somos arte de verdade, a gente morre, então eu tinha certeza que voce era o que ia me fazer esquecer as dúvidas. Só que voce desaprendeu, assim como eu, a ser de verdade.
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