A chuva rega a solidão, molha o asfalto e as grades. O manto da noite emudece os gritos do deserto de espinhos, o coração pulsa, a pele sangra. O palpável peleja em não permanecer, as mãos tateiam nas trevas, o cheiro camuflado de gasolina entra pela janela do carro sem que eu queira. Parece a vida trancafiada e é.
Eu não pensei que a selva seria tão mais selvagem quando estamos sozinhos. Mas eu não desisto de tentar, voce sabe que eu não me entrego. Nem a mim, que talvez mereça.
Essa noite eu sonhei com voce e agora estou preocupada se consigo lutar mais uma vez com sua imagem borrada pelas minhas lágrimas. Voce não costumava ser meu remédio, não é isso, eu é que não sei ser feliz e pronto, mas gostava de ser sua canção de amor, elas me arrancavam a dor impregnada e cravada na minha pele, quase que um impulso e força pra seguir em frente, mesmo não sabendo o que fazer quando eu estava de olhos baixos.
Talvez seja bobagem pensar em voce por mais de dez minutos e não conter o choro, e é assustador pensar que teria que esquecer as promessas e enfrentar o mundo com as próprias mãos. Eu costumava gostar dos arranha céus, da insolação sobre os ombros, do barulho, da multidão e agora eu tenho medo. Tudo o que queria era a vida nas mãos, e quando a tenho não sei como fazê-la.
E durante uma semana venho tendo fortes dores de cabeça, pertubações na memória e uma ideia de espanto: Não tenho mais tanta esperança. Estou cansada.
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