quarta-feira, 2 de maio de 2012

Mais uma sobre saudade

Eu pensei que nunca mais fosse escrever sobre você, mesmo tendo prometido só falar sobre o amor com seu nome sussurrando frio no meu ouvido. Eu tinha quase certeza porque quando eu olhei os seus presentes, eu não senti um segredo me devorando, talvez houvesse um aperto no conforto do mundo, uma saudade aguda e abstrata, mas agora eu não tenho dor de estomago encadeando meus pensamentos.

Acontece que em situações trágicas ou heroicas, meu coração bate desgastado e eufórico: Foi amor. Eu sei fingir que não foi, fugir e dizer que foi apenas um sentimento que escapou os meus tetos e paredes brancas e infinitas. Só que toda vez que eu fecho olhos e o sono me derruba, eu vejo sempre o mesmo sonho, as mesmas canções e o mesmo olhar interrogativo. E não adianta, a primeira coisa que eu faço quando levanto é ver seu reflexo no espelho, como se você estivesse ali, ainda que em um universo paralelo, me dizendo que destino não existe. E isso já o bastante para ter vultos de memórias perturbando o meu dia. 

Minha cabeça bombeia escandalosamente a vontade de você.

Não interessa o quando meu corpo dilata, minha alma sempre fica maior quando eu tenho você em algum lugar dentro de mim. E meu sorriso explode sem aviso, e minhas pernas doem, e meu dente range, daí já não sou mais minhas paredes e tetos brancos, porque meu sonho habita em mim em vermelho, deixando sangrar os vidros, a madeira, os quilômetros e a vida. Eu nunca mais fui compatível e o vento nunca mais morreu, ás vezes, ele vem mais fraco, mas sempre volta arrastando, inclinado e deixa cair sobre mim os prédios de aço, os pés no asfalto em cera quente, os tijolos, até que eu desmaie sufocada por esse mundo que não é meu.

Tudo bem, não é destino nem é acaso. E é por isso que eu sempre vou escrever você como meu refúgio, minha luta, fracasso e vitória. Para encontrar saídas, explicações. Escrevo pela necessidade, pela importância, pela vida e pela morte. Para dizer o que nunca será entendido, e o que foi mas se perdeu. Eu escrevo pra você, de você, por você, só pra mim. 
Só pra mim. 

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