segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Romance truncado

Haverá um erro imperdoável por causa dessa permanência inacabada. Isso incomoda as vezes, confessar como se estivesse à beira da morte todos os dias e acordar na manhã seguinte sem ter pão como alimento. Inventaram que nada pode ser perfeito, então por mais que a nossa junção tenha tudo para ser, esvaziará. É o tal do conjunto vazio em que fomos colocados, sempre achamos que poderíamos estar certos sobre nós mesmos, mas o problema é o contrário: quero ingressos para o show do mês que vem, viajem para Melbourne e discos de vinil colados na parede. É impressionante como fugimos o tempo inteiro e ainda não foi possível alcançar o sublime conforto.

Talvez seja a minha pressa em ser consolada. Cada dia que passa a água do chuveiro está mais quente como se a cura estivesse em queimar a cor da pele e restasse apenas o cansaço em carne viva. Haja espaço para tanta promessa mal feita: dormir na hora certa de se recolher, atravessar a rua na faixa de pedestres, dedicar mais aos assuntos importantes e respirar com alívio. Não há nenhum problema sério, mas tudo já está tocando dentro de mim, uma vez que, houve vapor nas paredes suficientes para abafar o choro e embaçar as lembranças que clamavam por sossego. Durante muito meses, meu bem, é simplesmente a distração e reencontro com os próprios medos, ainda mais agora que eu perdi o sono vespertino e pareço desprotegida. Essa vida nunca me sustentou sozinha, e eu preciso que seja completo dessa vez.

Em algum lugar ficam os pedaços do mundo, e logo se perdem os fatos mais marcantes para sociedade. O tempo passa e arrasta as vidas mais fracas. Tenho encarado demais o futuro e não dado um passo para frente, como se fosse vítima do vento e, sobretudo, da história. Querer regar a primavera inteira em constate inverno devastador. Pode ser que eu não consiga culpar tudo, portanto, há de ficar esse espaço em branco que eu não seria capaz de colorir, e nós, os donos da mente, sabemos que o desconexo é permanente. Esquecer, meu bem, é a fraqueza sendo forte. É por isso que eu fico parada, principalmente, não absorvi tudo ainda em passos compassados. Vem de relance as peças soltas quem ficam perdidas até que se ajeite e encaixe em qualquer órgão vital. E caem, despencam-se antes de encontrar o chão pelo prazer de uma queda mais trágica.

Mas agora, depois de tanto tempo é que eu consigo ter a compreensão das coisas, bem em mim, vivas e pacientes com o tempo, e foi bem em mim. Que sempre tive mania de engolir as informações precoces, fazendo tudo isso enterrando, sem preocupações, pessoas dentro de mim, e sem qualquer outra dúvida, fazendo também para sustentar os traumas e esvaindo de tudo aquilo que cabia em nós, aliás, que nos cabia. Só isso. Eu tinha memórias para não cair no desgosto da vida e veja como é assombroso reconhecer um erro. O mundo tomou atitudes fortes para me retrair ou talvez, eu me desestabilizei por mim mesma, mas a verdade, é que houve, antes de tudo, um pássaro morto na gaiola em que eu vivia fisgando seus protótipos. Porventura, uma espécie de loucura, mas o caminho foi traçado desta maneira e não resta mais nada a ser feito. Eu, infelizmente, não passei a acreditar em tudo.

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