sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

"Dedo Cruzado"

Uma nota em resposta à J.


Eu não sei tudo sobre lucidez, baby. Acho até que nada sei. Você me fala de racionalidades, percepção e inteligência, mas não se trata disso. Entre as esquinas q'eu deixo de virar enquanto desvio meus olhos para o chão e os labirintos desenhados que as crianças tentam decifrar eu só sei pensar que tudo isso é uma confissão. O período cego de todos os homens disfarçado em ruas e papéis como um luto silencioso demais para ser notado. E que fica na mente, gemendo em tortura: não há respostas. Porque não importam o número de teorias, experimentos e conclusões, eu não vi um poetizar a vida sem duvidar da próprio ar dos pulmões. No último dia de inverno eu resolvi ler um dicionário para provar o quão perigoso pode ser a ignorância humana. E fiquei por meia hora lendo "Existir existir existir". A preocupação não era explicar, pode-se passar uma vida sem se questionar e passar uma vida sem saber. Mas era entender o meu maior assombro. Ignorar as agonias e encantos não faz com que eles desapareçam. É por isso que eu te conto um segredo: a lucidez é uma merda. O significado é feito o céu sobre nossas cabeças - que não tange, mas existe.
Sim.

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