quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Coração de Areia

(Isso sou eu, tentando me explicar o que fiz de mim.)

Eu fico por mais de meia hora enroscando as letras, soletrando pensamentos que ecoam angústia e agonia, na tentativa de encontrar uma palavra que defina esse momentos dolorosos e confusos. Mas as palavras me falham, os pensamentos voam longe, as lembranças me dizem "Oi" e eu apenas sorrio. Por poucos segundos meus músculos querem demonstrar alegria, mas não o sentimento de perda. Descobri que não foi a esperança que morreu em mim, mas a vontade de tê-la. E eu converso com a solidão, sinto a ausência viva em mim, fiz do medo meu velho amigo e repito histórias até quase ficar rouca. Mas aprendi. Aprendi? Entendi pelo menos, que tudo isso é inexplicável por mais que eu queira explodir destruindo meus  monstros, permaneceram aqui, me atormentando. Mas estou por inteira. Só os pedaços da minha história que se perdem.  Muito de mim ficou pra trás. Muitas partes não resistiram as incansáveis dúvidas, se jogaram pela janela, quebraram os vidros, se despedaçaram. Eu choro. Quero ver quanto posso suportar. Não muito, eu sei. Mas não quero mais segurar firme, quero que a enxurrada me leve embora e leve embora todo mal. Enxurrada de arrependimentos. Por nada. Por tudo. Que tudo, que nada? Fui tantas e nenhuma ao mesmo tempo. Não consigo me perdoar por estar me permitindo perder a guerra. Vítima de mim, do que fiz da vida. Não entendo. Deus, eu não entendo. Eu preciso, mas não só por precisar,  me resgatar, me salvar. Mas não sei como. Desse muitos trilhos da vida, peguei logo esse: O da incerteza, das lágrimas. Eu preciso das minhas fatias que morreram, construir minha vontade mais urgente. Sei que sim, sei talvez de tudo que preciso. Só não tenho mais forças. Nunca consegui sobreviver as partidas. Por isso me abandono sempre que alguém se desencontra. E sequestro num novo eu por ai. Mas não sei mais fazer dos tropeços minha recomposição.  Não sei mais como me curar, passar por cima. Não sei mais me amar.
Meu coração é de areia. E o vendo foi forte demais.

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