sexta-feira, 9 de março de 2012

Volta pra casa

Eu tenho uma coisa a dizer: Essa cidade tem buracos demais. Meu carro imaginário morreu sete vezes na minha inventiva tentativa de ir te procurar, só para provar ao meu cérebro, que eu estou tentando. Em todas elas eu pensei naquela vez que voce escorou em mim, deixando todo o seu cansaço em meus ombros pedindo por ajuda, naquela esquina vazia debaixo das árvores esperando por nossa carona que nos levaria de volta pra casa; isso me trazia paz porque talvez assim, valesse a pena um carro sem câmbio automático se fosse pra mim chegar e dizer que sim, eu deixo ser "da mesma forma que eu e voce sabemos que foi um dia" e voce me ouvir e entender os meus motivos que no fim, não fizeram tanto bem pra gente, mas que foram os meus motivos e foram sem querer, sem pensar. Eu só aprendi a ser fogo e incendiar os cômodos das casas em volta de mim. 

Andam tendo dias difíceis, noites cinzas. De noites de luar em que a lua só tem sido um mero elemento que faz o seu papel, assim como o sol brilha e os dias passam. O mundo natural nunca foi tão sem graça pra mim desde que meu lugar foi arrancado do seu coração. Eu juro que estou tentando, Diego, mas eu ainda escuto seus chinelos arrastando, sua boca rindo, seus olhos gritando pra mim que iriam parar o relógio e fazer de cada segundo uma eterna nota musical. Eu ainda sinto voce dos lados, dentro, em cima, em baixo em todo lugar menos a minha frente, e mesmo que haja alguém disposto me convencer de que dias de impossibilidades existem e eu devo apenas fechar os olhos e aceitar a derrota, ninguém entende o que é necessário quando se está em solidão. Pouca gente, Diego, sabe como voce, mascarar os meus medos e me fazer sonhar como criança. Porque não existe alguém com sua voz e com suas mãos. Só existem minha s portas tombadas a pontapés de madeira seca e metal enferrujado. 

Me desculpe, se o que eu tinha a te oferecer não foi o suficiente, ou talvez não o mínimo. Me perdoe por não saber demonstrar todo o amor que voce merece, por não ter compartilhado os planos que eu tinha com voce. Me perdoe porque eu só fui atrás de voce mentalmente e não movi os pés. Me perdoe porque só estou deitada na cama olhando para o ventilador e lembrando com tristeza de como era bom voar no seu céu e de como seria bom voltar ao passado e fazer tudo diferente, ou de ter coragem de dar um telefonema, bater a campainha e colorir nosso amor desbotado, de me desacorrentar desse caos de coisas. Eu só queria que não acabasse assim, eu queria te provar que voce poderia ter sido muito feliz ao meu lado. 

É tarde demais para te ter de volta?
Falta de ar.

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