segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um pouco de bolhas, Robert e quase tudo de mim

   Cada momento da minha vida é incompatível com os outros. Eu sou incompatível comigo mesma. Qualquer um pode contar a história da sua vida por mais pobre e desprovida de graça que seja, eu não consigo porque não a tenho em unidade.
    Nem poderia ser propriamente, uma história. Soa mais sincero um amontoado de contextos sem sentidos, que, acidentalmente, adquiria algum no instante que aconteceu e depois deixa de existir. Como uma bolha que ganha forma e vida, mas em seguida desaparece. Eu sou instantânea como uma bolha e estou prestes a explodir sem deixar porquês. Primeiramente porque tenho preguiça e segundo por nada pode manter vistosa e brilhante uma bolha, seu propósito é acabar. Minha vida é só uma bolha persistente, duradoura mas que logo completará em si mesma o objetivo de estourar, sem ninguém, sem meios, sem instrumentos. Estourar e ainda sim, não ter fim, porque embora conservar uma bolha seja impossível, a bolha é impenetrável, como que para se defender, se destrói, vira vapor: minha sorte e meu azar.
    Minhas contradições internas poderiam me desmentir- fazendo eternos aqueles mesmos momentos, dando sentido e nexo. E alguém sabe que elas querem, não eu, não ainda, mas alguém que permanece fazendo essas bolhas, seja em um líquido fervente ou em sopros de sabão, alguém que, absolutamente, sabe que não são bolhas mas segue fingindo que são para me manter acreditando em mentiras. É preciso acreditar também do que transbordou por falta de espaço. É um absurdo como tentar expressar o inexprimível: eu desci fundo demais em quê? - bolhas, eu mesma.

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