sábado, 29 de setembro de 2012

               Eles construíram uma casa, grande, bonita, boa. Eles eram velhos e não tiveram filhos. Morreram. A casa ficou abandonada. Fico imaginando se esse era o desejo dos dois. E depois se desejo era mesmo  problema de um casal rico. Ninguém lembra mais deles, eu só lembro porque passo em frente a casa todo dia. A rua é sem saída, passo lá só para ver.
   
               E toda vez que vejo, penso que sou apenas mais uma vítima da vida. Que logo, eu construirei minha casa grande, bonita e boa e abandonada. 
   
                 Eu sou vítima de mim. 

            Quanto ao tempo, baby, ele só passa. Isto é tudo que ele sabe fazer, se ele curasse como dizem, talvez, seria menos assustador tornar mim mesma. Doeria menos ver a vida prosseguindo sem deixar pistas de destinos instantâneos. Eu só não tomo mais cuidado para que o resto das coisas não escape: nada pode impedir a opção de você ser esquecido ou não. Assim, eu só posso passar com ele. 

              Escrever é uma saída que fere, mas não deixa de ser uma saída. Eu não preciso ser eternizada pela minha incompreensão, só pelas minhas palavras. As palavras que saem da minha boca agora para me traírem no futuro. As palavras que não duvidam nada que minha esperança tenha respondido. Mas as minhas palavras, meu bem, que são a única coisa que tenho de meu e não pode passar, ainda que eu ou qualquer tijolo vire pó. 

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