Eu tenho o direito de me maltratar porque ninguém poderá chamar de bom aquilo que sufoca a memória encobertando com um suspiro as verdades que eu ainda insisto em não acreditar. Os romanos, os chineses antigos, os mesopotâmios, eles acreditavam que o mundo iria melhorar, eu não. Eu só tomo cuidado para que ele não desmorone enquanto eu estiver viva, porque, além de tudo, sou egoísta. Egoísta e medrosa. E embora muitos sorriem para mim como consolo, eu escrevo deixando as lágrimas molhar o papel.
Cortei as ocupações que me deixavam inflexível e agora me acomodo em qualquer espaço vago, entre as lacunas do tédio e solidão, e vou construindo essa vida completamente encaixada nos padrões que eles querem ver. Eu sei que é preciso encontrar uma saída, de certo, deve haver. Ela só não deixa pistas disso. E também perdi a força dos meus esplendorosos cinco anos de idade. É por isso que meu grito não sai com a mesma potencialidade dos moleques da rua, as crianças querem que saiam todos de uma só vez, e eu, apenas tenho um nó górdio no meio da garganta.
Eu vou mais um pouco até onde saturar. Só para provar que eu aguento. Maldade, meu bem, é a covardia que me persegue. O cruel, embora não seja inocente ou puro, não é culpado dos pensamentos obscuros que não me deixam dormir rapidamente. Deixando a noite derramar seus mais sombrios mantos em cima da consciência, anoitecendo-me por dentro. E só quando o veneno corrói é que o processo chega ao fim. Mas aí os olhos teimam em dormir. Eu tenho o direito de me maltratar por causa das insônias. Dos meus ombros caídos pela manhã.
Às vezes, quando eu costumava saborear o tempo livre, podia rir de mim mesma. Contar piadas para o vento e cair, rindo, no chão até adormecer. Agora a piada me toca fundo ao ponto de me travar a boca e tornar-me mínima. No entanto, ainda vive. Porque não basta a minha ilusão para ter a fineza de desinventar, os vestígios estão a beira de mim como um adeus esquecido, guardado. Retina de luz fluorescente toda vez que eu fecho os olhos.
Eu vou mais um pouco até onde saturar. Só para provar que eu aguento. Maldade, meu bem, é a covardia que me persegue. O cruel, embora não seja inocente ou puro, não é culpado dos pensamentos obscuros que não me deixam dormir rapidamente. Deixando a noite derramar seus mais sombrios mantos em cima da consciência, anoitecendo-me por dentro. E só quando o veneno corrói é que o processo chega ao fim. Mas aí os olhos teimam em dormir. Eu tenho o direito de me maltratar por causa das insônias. Dos meus ombros caídos pela manhã.
Às vezes, quando eu costumava saborear o tempo livre, podia rir de mim mesma. Contar piadas para o vento e cair, rindo, no chão até adormecer. Agora a piada me toca fundo ao ponto de me travar a boca e tornar-me mínima. No entanto, ainda vive. Porque não basta a minha ilusão para ter a fineza de desinventar, os vestígios estão a beira de mim como um adeus esquecido, guardado. Retina de luz fluorescente toda vez que eu fecho os olhos.
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