terça-feira, 1 de outubro de 2013

O mundo é tristíssimo.

Nasceu como um deus e se desfaz inesperado no mistério da beleza daquilo que nunca peca, e das coisas que incendeiam vermelho o crime da vida. (Amar, je sais, é preciso para suportar a melancolia das avenidas e dos postes acesos durante uma noite inteira n'uma praça sem paixão. Uma noite inteira desbravando sozinho o brilho, a luz, o fulgor. Como é claro meu olhar direcionado a minha consciência de existir, mas que dura só um segundo e no outro se resignifica, se descobre grande e intangível).

O mundo é tristíssimo e nada sabe sobre a tristeza ou sobre minha paciência em sentir devagar ela escorrer com requinte. É quando eu me desdobro em dúvida, mas também em perdão. Cada hematoma na alma é um poeta que ressurge ainda mais violento e se desnuda pobre, completamente para mim.

Eu tenho sangue nas mãos, eu tenho pó e um silêncio exumarante nas vísceras. A cidade desaparece mas eu permaneço vagando em vielas e becos e sussurrando para me ouvir melhor, porque a língua é imperfeita e poderosa. A voz que jaz.

O infinito me é dado toda noite, o universo constelado que ri de mim e depois me deixa vê-lo puro e assustado. A terra toda se permite ter olhos mas não a visão.

O mundo é tristíssimo, mas eu sou mais. 

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