sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

E Quem Diria

Andei um pouco fora de mim. Se é que um dia já estive por dentro. Procurando insaciavelmente me descobrir. Fico contando para as paredes, listando as coisas que quero fazer até o fim da vida. Amontoando fragmentos dentro de mim. Sofro de acúmulos. Marcas de um devaneio misterioso que não se cansa de amanhecer e anoitecer.

Ando distraída com meus defeitos. Um inquietude no ânimo. Como se estivesse descreditado no encanto da vida, saindo e deixando as janelas abertas na tentativa que um raio de sol bata em meu rosto visando um jardim. Sofro de falta. Anseio de uma companhia para caminhar de mãos dadas.

Ando olhando para o chão, de cabeça baixa para que não vejam em meu rosto as cicatrizes da ilusão e os olhos encharcados de tanto chorar em silêncio. Sofro de desgaste. A alma cansada não quer mais se levantar para ser vítima dos próprios propósitos.

Ando tentando fugir dos pensamentos, da mente traiçoeira que acredita que o tempo não é inimigo. E a vida dá uma reviravolta, perde os tons e o coração não encontra uma resposta e significado. Sofro de medo.  Perdi a coragem de esperar pelo futuro.

É natural que depois de um tempo as dúvidas comecem a aparecer. É assustador descobrir que muitas delas não tenham respostas. Nada era assim. Como tudo se perdeu? Fui uma menina que acreditou em muitas coisas, mas a decepção roubou de mim o amor pelo espelho, pelas flores cultivadas na alma. 

E quem diria, sofro de mim.

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