terça-feira, 23 de abril de 2013

I. Nicole
Se a vida, fosse uma mulher como Nicole, já teria aberto as pernas pra mim. 

O que eu sei sobre sobre essa mulher é que ela não entende nada sobre Foucault ou Nietzche. Ela também detesta os gênios doentios e tudo que eles fazem. Isso porque viu um epílogo do Von Trier e chorou uma semana inteira perturbada repetindo alguma coisa sobre a vida na terra ser má. Sei também que ariscou umas aulas de grego antigo, pendurou na sala um quadro de fra Giovanni da Fiesole, foi a galerias, teatros, orquestras. Escutou Johannes Brahms. Leu duas páginas sobre Johann Wolfgang von Goethe. Mudou o nome pra Elisabete Schumann para se comparar ao Robert Alexander. Encheu a mansão de tapetes persas e forrou a parede de estopa. Comprou um Treasure Black e outro Treasure Gold, tomou banho de Clive Christian. Se esbaldou no sofá de tecido do Afeganistão. Eu preciso dizer que nada deu certo. Nicole é uma eterna tentativa vã. No fim do dia ela olha para os nove mil metros quadrados e não acha repouso para a alma. Reclama uns palavrões.  Mas aprendeu um ou dois palavrões em língua estrangeira. Então ela está sempre soltando eles por aí sem se preocupar se as pessoas a chamarão puta. Ela é uma puta erudita e isso que importa.

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