segunda-feira, 10 de junho de 2013

Mister, eu  não consigo ler enquanto imagino seus olhos fechados.

(Depois que eu lhe observei por trinta segundos de olhos fechados eu andei tateando o mundo como se fosse frestas e becos escuros onde os passos são lentos e medrosos. Porque a cegueira podia ser qualquer coisa que queima dentro de mim como queima dentro de todas as almas que se rasgam pelos mais motivos banais, mas que fazem valer a pena o choro e o desgaste. Porém tudo se perde e esquece de ser encontrado quando você resolve pertencer àquelas notas musicais mal feitas pelos dedos magros. Então escolheu ser você, escolheu ser a vida através das suas pupilas cintilantes que incidem sobre mim feito raios espalhados no céu. O mundo continua peralta e não dorme. Quanto a você, Mister, eu sinto falta de te ver vivo).
(por dentro eu repito, eu sinto falta de te ver com os olhos de águas profundas de oceanos inavegáveis).

São as neuras. Eu acho. Mas quando você dedilhava as cordas de aço, o violão parecia de entender. E eu via, quando lhe pesava as pálpebras, você morrendo. Como um artista de verdade, eu via sua alma morrer também.

O problema é que você, assim como eu, esqueceu como ser de verdade.

(É no susto, você pisca inocente e a sinceridade de esvai porque não suporta a textura da sua pele sob a opaca e turva retina preta).

I'm sorry. 

(As cicatrizes estão expostas e anunciadas pela nudez das minhas palavras ou pelo tom da sua música. Ou e. Não importa mais, ainda que fossem letras maiores nesse livro de Drummond, ainda que as cordas fossem de nylon, ainda que o mundo perdesse vitalidade e juventude. Ainda que fossem multicolor essas íris, o fim continuaria sendo o fim).

Um comentário:

  1. Mas o fim sempre acaba por ser um começo. aaaah suas palavras de menina com voz de mulher!

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