segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Oh, Fitzgerald, meus olhos estão nas esquinas da cidade como Carraway depois de um dia de porre. E embora ninguém toque sax na varanda ao prédio ao lado, eu me calo para o piano de Arnalds dentro da noite. E depois sempre acho que tenho alguma coisa a dizer, alguma coisa imprescindível, nova e audaciosa. Alguma coisa que desengasgue o mundo inteiro e tudo faça um sentido singular, leve e completo. E isso foi há quase duas horas. Duas horas, meu Deus, procurando, procurando. O que é ia dizer, o que é ia fazer do que vivi. Estou tentando entender, estou tentando organizar, estou tentando não perder o mundo. E o mundo sempre escapa de mim, sempre para o lado oculto, na visão fragmentada. Onde eu não posso dar forma, onde meus braços não alcançam, onde o horizonte é infinito e meus olhos cegos. Quem sabe não me aconteceu mais uma daquelas dissoluções de G.H? Quem sabe também me esvaiu a formação humana? Nada existe. Nada existe, oh lord. A realidade é um susto que me desperta à um novo modo de ser, à uma nova maneira de sentir, de pulsar, de vibrar o riso ou o choro. Mas é que eu também não sei o que me aconteceu, mas queria poder saber ou nem ao menos me dar conta que o preciso. A vida é tão curta e eu não estou aguentando.

(A quem, por Deus, a quem daria a minha loucura, quem saberia zelar por ela, se apaixonar por ela? Não vejo quem, não vejo quem poderia dar meu nojo ou meu amor. Voltei aos parenteses: sou eu, são as epifanias. Digo sobre essa construção de desorganização profunda).

Meus olhos estão nas esquinas da cidade. Do lado de lá, todo mundo tem muito pra contar. Sobre a Queensborough toda Nova Iorque é dourada e nova. Mas quanto ao que eu ia dizer é um quase. Uma descoberta muda. Será que todas as vidas foram isto?

Quero achar que sim, o desespero também é uma luz. 

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